Movimentação nos bastidores apontam que o PSD trabalha para repetir a dupla Arruda–Paulo Octávio nas eleições do DF, em meio à filiação do ex-governador e ao papel da família PO no governo Ibaneis/Celina
Nos bastidores da política brasiliense, ganhou força nas últimas semanas uma hipótese que, se confirmada, reeditiria uma das duplas mais emblemáticas da história recente do Distrito Federal: José Roberto Arruda e Paulo Octávio.
De acordo com interlocutores ouvidos reservadamente pela reportagem, circula no PSD a possibilidade de Paulo Octávio voltar a ocupar o posto de candidato a vice-governador — desta vez, novamente ao lado de Arruda, agora dentro do próprio partido que o empresário comanda no DF.
A movimentação ganha peso depois da filiação de Arruda ao PSD-DF, costurada pela direção nacional da legenda e que já é tratada como um dos fatos mais explosivos do xadrez rumo às eleições de 2026.
Reedição de uma parceria que marcou o DF
Arruda e Paulo Octávio formaram, em 2006, a chamada “chapa puro-sangue” do então PFL (hoje União Brasil) e venceram o governo do Distrito Federal em primeiro turno, com pouco mais de 50% dos votos válidos.
Paulo Octávio, então senador, abriu mão de disputar o governo para ser vice de Arruda, numa aliança que à época foi celebrada como a união de dois dos grupos mais fortes da capital.
Desde então, o destino dos dois se confundiu com a própria história política de Brasília.
Quase vinte anos depois, o cenário de 2026 recoloca a dupla no centro das conversas políticas — agora sob a sigla do PSD, partido que Paulo Octávio comanda formalmente no DF e que, até a chegada de Arruda, orbitava de forma organizada na base do governador Ibaneis Rocha e da vice Celina Leão.
Arruda no PSD: nó político e “candidato contra o próprio governo”
A filiação de Arruda ao PSD-DF não foi um movimento trivial. Conversas de bastidores apontam que a entrada do ex-governador foi articulada diretamente pela direção nacional, sob Gilberto Kassab, e veio acompanhada de uma garantia: legenda para disputar o Governo do Distrito Federal em 2026.
O problema é que o PSD, hoje, é governo: ocupa espaços estratégicos na gestão Ibaneis/Celina, incluindo a Secretaria da Juventude, comandada por André Kubitschek — filho de Paulo Octávio — além de Trabalho e Cultura, como destacou o próprio Ibaneis ao empossar André no novo cargo.
Na prática, o partido presidido por Paulo Octávio:
- integra a base que sustenta Ibaneis Rocha;
- ajuda a pavimentar o projeto de Celina Leão ao Palácio do Buriti;
- e, ao mesmo tempo, abriga agora um postulante que aparece empatado tecnicamente com a própria Celina nas pesquisas para o governo em 2026.
É esse choque de interesses — ser base e, simultaneamente, incubar um candidato competitivo contra o governo — que criou o “nó político” dentro da sigla e colocou Paulo Octávio no olho do furacão interno.
Rumores de vice: Paulo Octávio na chapa de Arruda
Nesse contexto, dirigentes partidários, assessores e aliados passaram a trabalhar com um cenário que, até pouco tempo atrás, soaria improvável: Paulo Octávio como candidato a vice-governador de Arruda, repetindo a dobradinha de 2006 — agora, sob o guarda-chuva do PSD.
Segundo fontes ouvidas pela reportagem, ao menos três fatores alimentam essas conversas de bastidor:
Memória eleitoral da dupla
A chapa Arruda–Paulo Octávio ainda é, para uma fatia do eleitorado mais velho, sinônimo de “gestão forte” e obras visíveis — ao mesmo tempo em que carrega o peso dos escândalos de corrupção. A eventual reedição seria vista como tentativa de capitalizar a nostalgia de uma parte do eleitorado e “testar” se essa memória positiva ainda fala mais alto do que o desgaste.Peso de Paulo Octávio no PSD e no governo
Paulo Octávio é presidente do PSD-DF desde 2020 e foi candidato do partido ao governo em 2022.
Hoje ele controla uma legenda que:Tem presença expressiva no secretariado;
Projeta o filho, André Kubitschek, como quadro emergente no Executivo local;
Aparece nas pesquisas para o Senado em 2026, com Paulo Octávio citado em cenários estimulados.
Nessa equação, aceitar ser vice de Arruda poderia ser lido, internamente, como forma de preservar o protagonismo do PSD no governo futuro — qualquer que seja o resultado — e, ao mesmo tempo, segurar o partido unido ao redor de um projeto claro.
Saída honrosa do “nó” com Ibaneis e Celina
Uma chapa Arruda–Paulo Octávio forçaria o PSD a definir lado: permanecer na base até o limite permitido pela fidelidade ao governo atual ou desembarcar formalmente da gestão Ibaneis/Celina para encampar o projeto de oposição de Arruda.
Nos bastidores, há quem veja na vice para Paulo Octávio a “moeda política” capaz de compensar a ruptura com a atual estrutura de governo.
Por enquanto, tudo está no campo dos rumores: não houve anúncio oficial, e nem Arruda nem Paulo Octávio se pronunciaram publicamente sobre a hipótese de reeditar a parceria na mesma chapa majoritária.
2026 no DF: Celina, Ibaneis, Michelle e o lugar do PSD
A mais recente pesquisa Paraná Pesquisas, divulgada no fim de outubro, mostra Celina Leão (PP) e Arruda tecnicamente empatados na corrida ao Buriti. No Senado, Michelle Bolsonaro (PL) e o próprio Ibaneis Rocha (MDB) lideram os cenários estimulados, com Paulo Octávio aparecendo em patamar intermediário, mas competitivo, entre os nomes citados.
Nesse tabuleiro:
- Celina tenta se consolidar como candidata da continuidade;
- Ibaneis mira o Senado;
- o PL trabalha para projetar Michelle numa chapa de alcance nacional;
- e o PSD, comandado por Paulo Octávio, virou o ponto de interseção entre o governo atual e o projeto de retorno de Arruda.
É nesse cruzamento que nascem os rumores sobre uma chapa Arruda–Paulo Octávio em 2026.
O que dizem, e o que não dizem, os bastidores
Publicamente, lideranças do PSD repetem o discurso de que “a prioridade é fortalecer a base do governo e discutir 2026 com calma”. Nos bastidores, porém, a filiação de Arruda e a ascensão de André Kubitschek no governo Ibaneis colocaram a família de Paulo Octávio no centro de qualquer cálculo de poder no DF.





































