Os peronistas conquistaram uma expressiva vitória nas eleições legislativas da província de Buenos Aires, infligindo um significativo revés ao presidente Javier Milei e seu partido La Libertad Avanza. Com 82% das urnas apuradas, a Fuerza Patria, do governador Axel Kicillof, alcançou 46,9% dos votos, contra 33,8% da força governista, consolidando Kicillof como principal nome da oposição e potencial candidato presidencial em 2027.
A eleição na província mais populosa e politicamente influente da Argentina é considerada um crucial termômetro para as eleições nacionais de meio de mandato marcadas para outubro. Os bonaerenses foram às urnas para escolher 46 deputados e 23 senadores provinciais, em um pleito que demonstrou a resistência do peronismo frente às políticas liberais de Milei.
Reconhecimento de Derrota e Críticas da Oposição
Ao reconhecer a derrota, Milei surpreendentemente admitiu o revés político, mas reafirmou seu compromisso com a agenda liberal: “O rumo não vai mudar, será redobrado”. O presidente afirmou que sua coalizão realizará uma “autocrítica profunda” para corrigir erros, embora tenha mantido sua determinação em avançar com as políticas de austeridade.
Do lado opositor, a ex-presidente Cristina Kirchner, em prisão domiciliar, comemorou os resultados das sacadas de seu apartamento em Recoleta e através das redes sociais. Em postagem contundente, criticou duramente Milei: “Rir da morte e da dor de seus oponentes, tampouco. Mas aponta com o dedo e estigmatizar pessoas com deficiência, enquanto sua irmã cobra 3% de propina de seus medicamentos, é letal”.
Contexto de Crise e Desafios para Milei
A derrota eleitoral ocorre em um momento de crescente pressão sobre Milei, amplificada pelas suspeitas de corrupção envolvendo sua irmã Karina e pela instabilidade econômica que persiste no país. Para implementar sua agenda de livre mercado e restaurar a confiança dos investidores, Milei necessita expandir sua pequena minoria no Congresso – atualmente seu partido detém menos de 15% das cadeiras.
O revés se torna ainda mais significativo considerando que, na quinta-feira (4), o Senado argentino derrubou pela primeira vez um veto presidencial de Milei, mantendo uma lei que expande benefícios para pessoas com deficiência. Este cenário político fragilizado complica os esforços do presidente para manter o superávit fiscal que tem sido sua principal bandeira.
A vitória peronista em Buenos Aires não apenas fortalece Axel Kicillof como principal líder oposicionista, mas também sinaliza um possível realinhamento político que poderá definir os rumos das eleições de outubro e o futuro do projeto liberal de Milei na Argentina.