Ex-delegado-geral Ruy Fontes é executado a tiros em Praia Grande

O ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, foi executado a tiros na tarde desta segunda-feira (15) em Praia Grande, no litoral paulista. Um dos policiais mais respeitados e influentes do estado, Fontes foi alvejado por homens que desceram de outro veículo enquanto ele dirigia seu carro na Avenida Dr. Roberto de Almeida Vinhas, no bairro Nova Mirim, por volta das 18h. A execução ocorreu a poucos metros do Fórum da cidade.

De acordo com a Polícia Militar, os criminosos se aproximaram, efetuaram vários disparos contra o veículo e fugiram. Ruy Fontes perdeu o controle do carro após ser atingido. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado, mas constatou a morte do delegado ainda no local. A cena do crime foi isolada e periciada. A Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP) informou que policiais localizaram o veículo utilizado pelos assassinos e que equipes estão em campo com apoio de inteligência para identificar e prender os responsáveis.

A violência do ataque também atingiu inocentes. Um homem e uma mulher que caminhavam pelo local foram atingidos por tiros e levados para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Quietude. De acordo com a prefeitura, as duas vítimas foram transferidas para o Hospital Municipal Irmã Dulce e não correm risco de morte.

Uma Vida Dedicada ao Combate ao Crime Organizado

A morte de Ruy Ferraz Fontes é um golpe duríssimo para a segurança pública. Com mais de 40 anos de carreira na Polícia Civil, Fontes era uma lenda viva e um dos maiores especialistas no combate ao PCC. Sua trajetória foi marcada por passagens pelo comando de todas as principais divisões de investigação do estado:

  • Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic)

  • Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP)

  • Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc)

  • Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap)

Foi no Deic, como chefe da 5ª Delegacia de Roubo a Bancos no início dos anos 2000, que ele pioneiramente iniciou as investigações que mapearam a estrutura e prenderam as primeiras lideranças do Primeiro Comando da Capital (PCC). Sua expertise foi crucial durante os ataques promovidos pela facção em maio de 2006.

Entre 2019 e 2022, no cargo de delegado-geral de São Paulo, ele tomou uma medida ousada e estratégica: ordenou a transferência de chefes do PCC de presídios paulistas para unidades federais em outros estados, uma ação considerada vital para quebrar a hegemonia e o poder de comando da facção criminosa dentro do sistema prisional.

Aposentado da Polícia Civil, Fontes assumiu em janeiro de 2023 a Secretaria de Administração de Praia Grande, cargo que ocupava até o dia de seu assassinato. A Prefeitura de Praia Grande e a SSP-SP emitiram notas lamentando profundamente a morte do delegado, destacando sua trajetória ilibada e dedicada ao serviço público.