Quando falta espaço (e sobra intolerância)
Essa semana vivi uma situação que me fez pensar sobre como andamos pouco tolerantes uns com os outros.
Meu prédio está em reforma na garagem e, por isso, as vagas ficaram ainda mais disputadas. Era tarde da noite, eu estava com minha sogra, que é idosa, meu filho, minha sobrinha e várias sacolas. Não havia uma vaga sequer. A solução foi improvisar: estacionei em frente à garagem, mas sem bloquear o acesso de ninguém.
No dia seguinte, fui surpreendida com uma mensagem no grupo do condomínio: uma vizinha reclamava indignada que meu carro estava “atrapalhando”. Confesso que, por alguns segundos, senti uma mistura de frustração e tristeza. Será que ninguém pensou no contexto? Será que perdemos a capacidade de olhar além do nosso próprio incômodo imediato?
Esse episódio me fez refletir sobre como temos vivido em uma espécie de estado permanente de impaciência. Qualquer deslize, qualquer detalhe, já vira motivo para julgamentos duros e pouca disposição em se colocar no lugar do outro.
Não estou dizendo que regras não devem ser respeitadas. Elas existem para organizar a vida em comunidade. Mas quando o ser humano perde a sensibilidade de enxergar que, por trás de uma atitude, pode haver uma necessidade real, algo se perde.
Fico pensando: e se fosse ela no meu lugar? Chegando tarde, com crianças, sacolas, tentando dar conta de tudo. Será que a reação teria sido a mesma?
O mundo anda precisando de mais empatia e menos dedo em riste. Um pouco mais de “deixa eu entender o lado do outro” e menos “olha o absurdo que fizeram comigo”.
Talvez, se cultivarmos essa tolerância, possamos transformar os pequenos conflitos do dia a dia em aprendizados e não em muros entre nós.
Concorda?
