Estratégia do governo Lula viabilizou encontro com Trump na ONU

Por trás do aparentemente espontâneo anúncio de um futuro encontro entre os presidentes Lula e Donald Trump durante a Assembleia Geral da ONU, houve uma cuidadosa e sigilosa estratégia diplomática conduzida pelo governo brasileiro. Segundo fontes do Planalto e do Itamaraty ouvidas pela CNN, o gesto de aproximação foi preparado nas semanas que antecederam o evento em Nova York, mas foi mantido sob absoluto segredo para evitar tentativas de boicote por parte de Eduardo Bolsonaro e seus aliados dentro do Departamento de Estado americano.

De acordo com as fontes, o processo foi conduzido com “enorme grau de sigilo” e envolveu contatos “muito discretos” entre autoridades dos dois países. A discrição foi considerada essencial para o sucesso da manobra. Publicamente, quando questionado sobre a possibilidade de um encontro, o governo Lula negava qualquer esforço nesse sentido, afirmando que poderia haver ou não um simples aperto de mãos. Essa postura era intencional, destinada a despistar opositores e garantir que a iniciativa não fosse sabotada antes de ser concretizada.

Os diplomatas envolvidos avaliaram que as sanções impostas pelos EUA contra figuras ligadas ao governo brasileiro, anunciadas dias antes, já estavam “precificadas” no processo, ou seja, não foram um impedimento para a aproximação. O objetivo inicial não era necessariamente um encontro durante a própria Assembleia Geral, mas a reabertura dos canais de diálogo. A surpresa, para as fontes, foi o tom afável e público usado por Trump ao se referir a Lula em seu discurso, elogiando-o por cerca de dois minutos.

O anúncio do encontro para a semana seguinte, feito por Trump, foi bem recebido, mas o governo brasileiro rejeitou a ideia de um encontro marcado às pressas ainda em Nova York. Havia o receio de que um evento assim pudesse se transformar em um “palco para um show” do presidente americano. A estratégia revela a complexidade da diplomacia brasileira em um cenário internacional polarizado, onde mesmo os gestos de aproximação precisam ser calculados e protegidos de interferências políticas internas e externas.