Ricardo Capelli precisa ir além do 8 de janeiro para se consolidar como candidato ao governo do DF

Ricardo Capelli ganha espaço, mas precisa construir narrativa além do 8 de janeiro

Ricardo Capelli desponta como um dos pré-candidatos mais fortes ao governo do Distrito Federal para 2026. Filiado ao PSB, o ex-interventor da Segurança Pública do DF é visto como um nome competitivo dentro do campo progressista, que também conta com Leandro Grass como alternativa.

Hoje, a disputa interna na esquerda tende a se afunilar entre Capelli e Grass. A possibilidade de os dois manterem candidaturas separadas é considerada improvável por analistas, já que isso fragmentaria o campo progressista e praticamente eliminaria as chances de chegar ao segundo turno — um cenário semelhante ao que ocorreu nas últimas eleições.


Capelli tem credenciais técnicas, mas precisa fortalecer conexão com o eleitorado

Ricardo Capelli foi interventor da Segurança Pública do Distrito Federal após os ataques de 8 de janeiro, quando a sede dos Três Poderes foi invadida em Brasília. Seu trabalho foi reconhecido e o aproximou do governo federal, onde mantém forte articulação política. Ele já ocupou cargos estratégicos, foi vice-ministro em gestões passadas e tem proximidade com ministros do Supremo Tribunal Federal e do Executivo.

Apesar disso, Capelli ainda enfrenta o desafio de construir uma narrativa que vá além de sua atuação durante a intervenção federal. Seu nome, embora respeitado nos bastidores e em setores institucionais, ainda é pouco conhecido pelo grande público do Distrito Federal quando comparado a Leandro Grass, que já teve desempenho expressivo em eleições anteriores e conquistou mais de 400 mil votos.


Estratégia digital e presença local como pontos-chave

Capelli tem buscado ampliar sua presença nas redes sociais e aproximar-se das pautas locais, um movimento importante para quem deseja disputar um governo com forte máquina administrativa e base consolidada, como o atual bloco de Ibaneis Rocha e Celina Leão. Ainda assim, precisa intensificar sua conexão com o dia a dia da população do DF, abordando temas como mobilidade urbana, saúde, educação, segurança pública e desenvolvimento econômico.

Apenas relembrar o 8 de janeiro e sua atuação como interventor pode ser insuficiente para engajar o eleitor médio. Para se consolidar, ele precisará apresentar propostas claras, dialogar com comunidades e construir uma imagem de liderança capaz de enfrentar uma estrutura de poder que já governa o DF há oito anos.


Cenário eleitoral e necessidade de unidade no campo progressista

O futuro da disputa no campo progressista passa por uma decisão estratégica: ou Leandro Grass e Ricardo Capelli convergem em torno de um único nome, ou correm sério risco de repetir a fragmentação que deixou a esquerda fora do segundo turno em pleitos anteriores. A tendência é que ambos busquem, nos próximos meses, fortalecer suas bases, avaliar pesquisas internas e medir a viabilidade antes de uma definição.

Enquanto isso, Celina Leão, atual governadora e herdeira do grupo político de Ibaneis Rocha, aparece como favorita natural para a reeleição, com o apoio da máquina administrativa e uma base já consolidada. Para ameaçá-la, a oposição precisará de estratégia unificada, narrativa consistente e um candidato que saiba se comunicar com todos os segmentos da sociedade brasiliense.


Avatar photo
Jornalista, engenheiro civil e mestre em recursos hídricos pela Universidade de Brasília, Ranielle Linhares é o fundador e estrategista-chefe do RaniNewsTV, a TV Digital de Brasília. Com mais de 850 mil seguidores nas redes sociais e mais de 77 milhões de contas alcançadas mensalmente, tornou-se uma das vozes mais influentes da comunicação digital na capital federal. Sua atuação combina credibilidade, linguagem acessível e uma abordagem multiplataforma que conecta política, cultura, economia e entretenimento.