Disputa pelo Senado promete ser mais acirrada que a corrida ao governo do DF
Enquanto a disputa pelo governo do Distrito Federal tende a ser dominada pelo bloco liderado por Celina Leão, herdeira política de Ibaneis Rocha, a corrida para o Senado Federal já se desenha como um dos palcos mais disputados de 2026. A preferência do eleitorado brasiliense, majoritariamente inclinada à direita, promete tornar o pleito ainda mais competitivo e imprevisível.
Com a provável ida de Michele Bolsonaro para a vice-presidência na chapa encabeçada por Tarcísio de Freitas, um movimento que altera o xadrez nacional, o cenário no DF mudou completamente. Antes considerada favorita absoluta para o Senado, Michele deve abrir espaço para outra figura de peso do bolsonarismo: a deputada federal Bia Kicis.
Bia Kicis herda espaço deixado por Michele e se consolida como favorita
A saída de Michele Bolsonaro da disputa pelo Senado praticamente entrega a dianteira a Bia Kicis, a deputada federal mais votada do Distrito Federal e uma das vozes mais influentes da direita no país. Sua base eleitoral é sólida, e a tendência é que ela lidere as pesquisas com ampla vantagem, assumindo a posição de candidata mais competitiva na corrida por uma das duas vagas disponíveis.
Tradicionalmente, Michele seria um nome natural para carregar o governador Ibaneis Rocha em busca do “segundo voto” do eleitorado conservador. Com a mudança no cenário, essa articulação perde força. Embora Bia Kicis possa vir a apoiar Ibaneis por determinações partidárias, é improvável que ela dedique sua campanha a transferir votos de forma intensa para o ex-governador, algo que seria crucial para que ele se consolidasse como segundo nome favorito da direita.
Sebastião Coelho surge como fator de divisão no campo da direita
Outro elemento que complica os planos de Ibaneis Rocha é a entrada do desembargador aposentado Sebastião Coelho na disputa pelo Senado. Filiado ao Partido Novo, Coelho ainda aparece com índices modestos nas pesquisas, mas conta com uma base de apoiadores fiéis, marcada por um eleitorado mais radicalizado da direita brasiliense.
Essa fatia do eleitorado pode ser decisiva. Ainda que não seja suficiente para eleger Sebastião Coelho diretamente, seus votos tendem a fragmentar o campo da direita, tirando força especialmente de Ibaneis Rocha, que depende de uma base coesa para competir com nomes já consolidados. Esse fenômeno pode abrir espaço para novas configurações de voto e dificultar a tentativa de Ibaneis de garantir uma das cadeiras no Senado.
O peso da máquina administrativa do DF pode não ser suficiente
Ibaneis Rocha entra na disputa pelo Senado com o apoio da máquina administrativa do DF, articulando alianças e mantendo influência após sua gestão. No entanto, sem Michele Bolsonaro para pavimentar votos e com Bia Kicis liderando a corrida, o ex-governador terá de encontrar novas estratégias para se destacar. Além disso, a presença de Sebastião Coelho pode reduzir o alcance desse apoio institucional, fragmentando a base conservadora que Ibaneis precisa para ser competitivo.
Eleição para o Senado no DF tende a ser decisiva para o futuro político local
A corrida de 2026 para o Senado será um termômetro importante não só para a direita do DF, mas também para o futuro da oposição e para a dinâmica de poder na capital federal. Bia Kicis larga na frente com amplo favoritismo; Ibaneis Rocha terá que provar força para buscar o segundo voto da direita; e Sebastião Coelho pode desempenhar um papel crucial ao dividir o eleitorado mais radicalizado.
Essa disputa promete ser bem mais imprevisível do que a eleição para o governo, onde Celina Leão deve ter vantagem por contar com toda a estrutura administrativa e a continuidade do grupo que já governa o DF há oito anos.




































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