Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Lula Demite Indicados do Centrão Após Derrota no Congresso

O governo do presidente Lula iniciou uma onda de exonerações de indicados do Centrão em cargos de segundo escalão como retaliação direta à derrubada da Medida Provisória (MP) que substituiria o aumento do IOF pela Câmara dos Deputados. A ação, coordenada pela ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, com aval presidencial, atinge principalmente aliados do PP, PSD, União Brasil e MDB que votaram contra o governo, enquanto indicações do influente deputado Arthur Lira (PP-AL) foram preservadas.

As demissões no governo Lula já atingiram cargos em órgãos estratégicos como a Caixa Econômica Federal, a Codevasf, o Iphan, o Dnit e superintendências do Ministério da Agricultura. Entre os exonerados estão nomes de peso da política, como Lena Carolina Brandão, irmã do líder do União Brasil na Câmara, Pedro Lucas, e Harley Xavier Nascimento, indicado pelo deputado Arthur Maia (União-BA). Do PP, foi exonerado José Trabulo Junior, consultor da presidência da Caixa e ligado ao senador Ciro Nogueira.

A estratégia do Planalto é clara: estabelecer que a votação da MP funcionou como uma “linha de corte” para definir lealdades. Um auxiliar do governo afirmou que a medida mira não apenas a governabilidade atual, mas também os preparativos para as eleições de 2026. O presidente da Caixa, Carlos Vieira Fernandes, indicado por Arthur Lira, foi mantido no cargo – Lira se ausentou da votação, demonstrando o cuidado do governo em preservar relações consideradas essenciais.

A reação no Congresso à retaliação não foi positiva. Um importante líder do Centrão alertou que “não é uma coisa lógica bater nos aliados num Congresso arredio”, enquanto outro deputado foi mais direto ao afirmar que o governo “está ameaçando a Câmara em troca de porcaria”. Os parlamentares advertem que, se o governo achar que não precisa mais do apoio da Câmara, os deputados podem começar a pautar “projetos-bomba” com impacto fiscal bilionário, como a recente PEC que alterou regras previdenciárias de agentes de saúde. O movimento de Lula ao exonerar o Centrão mostra um cálculo político de risco, apostando que o poder de barganha do Executivo ainda é suficiente para conter rebeliões maiores, enquanto tenta recompor sua base de apoio no Legislativo.