Uma operação conjunta do Ministério Público de São Paulo (MPSP) e da Receita Federal, deflagrada nesta quinta-feira (25), revelou a extensão do poder econômico do Primeiro Comando da Capital (PCC). Batizada de Operação Spare, a ação investigou um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro e adulteração de combustíveis que movimentou cerca de R$ 57 bilhões. Em coletiva de imprensa, o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, fez uma revelação impactante: a facção criminosa chegou a controlar 60 motéis na capital paulista, incluindo alguns dos mais conhecidos da cidade.
De acordo com as investigações, o grupo mantinha o controle sobre uma vasta rede de negócios, incluindo postos de combustíveis e franquias, que eram usados para injetar dinheiro de origem ilícita na economia formal. Embora os estabelecimentos, como postos de gasolina, permanecessem formalmente em nome de antigos proprietários (“laranjas”), o controle operacional e financeiro era exercido por integrantes do PCC. Esses locais serviam como fachada para movimentar recursos do crime e comercializar combustível adulterado.
O esquema utilizava métodos complexos para ocultar a origem do dinheiro. Os valores entravam no sistema financeiro por meio de depósitos em espécie ou através de maquininhas de cartão vinculadas a fintechs. Em seguida, os recursos eram “lavados” e reinvestidos em novos empreendimentos, como imóveis, motéis e franquias, expandindo o império econômico da facção. O principal alvo da operação é Flávio Silvério Siqueira, conhecido como “Flavinho”, apontado pelas autoridades como um dos principais operadores financeiros do PCC no setor de combustíveis.
A Operação Spare cumpriu 25 mandados de busca e apreensão em cidades como São Paulo, Santo André, Barueri, Bertioga, Campos do Jordão e Osasco. Participaram da ação 64 servidores da Receita, 28 promotores e cerca de 100 policiais militares. As investigações começaram em Santos, após a apreensão de máquinas de cartão em uma casa de jogos clandestinos, e evoluíram para desvendar a conexão com postos de combustível e, posteriormente, com a cúpula financeira do PCC. O objetivo da ação é atingir diretamente o poderio financeiro da facção, considerado vital para suas operações criminosas.









































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