Todo fim de ano é igual: dezembro chega desfilando seu brilho, suas festas e, principalmente, aquele cruel lembrete de que as férias de janeiro estão logo ali, acenando como quem diz “e aí, preparado? ”. E é justamente nesse momento que bate a urgência coletiva de conquistar o “corpo perfeito” em tempo recorde, como se estivéssemos participando de uma promoção relâmpago válida por apenas 30 dias. Aí muita gente decide, com a firmeza de quem promete “agora vai”, entrar em modo marombeiro — mesmo que o espelho esteja olhando tudo com uma sobrancelha levantada e um julgamento silencioso.
A grande ironia é que tivemos nada menos que 11 meses inteirinhos para fazer aquilo que só lembramos em dezembro: treinar, caminhar, beber água, evitar exageros e talvez, só talvez, aprender o nome do personal da academia (coisa que muita gente só descobre quando já está pagando a mensalidade de dezembro). Mas preferimos viver o ano no modo “amanhã eu começo”, que é praticamente o slogan nacional da procrastinação. E assim, quando dezembro chega, a consciência bate com mais força que qualquer abdominal mal executado.

Começa então a famosa correria típica dessa época: dietas mirabolantes que parecem ter sido criadas por cientistas malucos, treinos express dignos de reality show, sucos verdes que têm gosto de castigo e promessas feitas com a convicção de quem diz “agora é sério” para o crush pela quarta vez no mesmo mês. As academias lotam, os grupos de corrida se multiplicam e até aquele tênis que estava aposentado no fundo do armário — provavelmente com poeira suficiente para fazer um terrário — ganha uma nova chance de brilhar.
O mais curioso é que essa busca pelo milagre em 30 dias acaba virando quase um evento social. Gera histórias, encontros, dramas, confissões e risadas — principalmente quando percebemos que estamos tentando correr enquanto o corpo está pedindo um acordo de paz. E de quebra ainda rende uns centímetros a menos, ou pelo menos a sensação de missão (quase) cumprida, que já vale para atualizar as fotos do fim de ano.
No fim das contas, se o milagre não vier, tudo bem também. Porque o importante é estar presente nas férias com leveza, bom humor e a certeza de que, perfeito ou não, o corpo que temos merece ser celebrado — até porque ele nos trouxe vivos até aqui, o que já é um grande feito. Afinal, o verão passa, mas as boas histórias ficam, especialmente aquelas que começam com “lembra quando tentamos ficar fitness em 30 dias?”. É rir para não chorar… e para trabalhar esse abdômen também.








































