ABC suspende Jimmy Kimmel após comentários sobre caso Charlie Kirk

A rede norte-americana ABC anunciou nesta quarta-feira (17) a suspensão indefinida do programa “Jimmy Kimmel Live!”, uma das mais populares atrações noturnas da televisão americana. A decisão radical foi tomada após os comentários do apresentador Jimmy Kimmel sobre Tyler Robinson, acusado de assassinar o ativista conservador Charlie Kirk.

Durante seu monólogo na última segunda-feira (15), Kimmel sugeriu que Robinson seria um republicano alinhado ao movimento MAGA (Make America Great Again) do ex-presidente Donald Trump. “A turma do MAGA está desesperada para caracterizar esse garoto que matou Charlie Kirk como qualquer coisa que não seja um deles e fazendo de tudo para tirar proveito político disso”, afirmou o comediante, gerando imediata reação de setores conservadores e da própria ABC.

A suspensão do programa – que vai ao ar desde 2003 e é um dos mais lucrativos da ABC – desencadeou uma onda de protestos de celebridades e políticos que veem na medida um ataque à liberdade de expressão e um sinal de censura na era Trump.

Reação das Celebridades

Artistas de Hollywood reagiram rapidamente à decisão da ABC. Ben Stiller republicou a notícia no X (antigo Twitter) com a legenda: “Isto não está certo”. Jean Smart, estrela de “Hacks”, declarou-se “horrorizada” com o cancelamento, escrevendo no Instagram: “O que Jimmy disse foi liberdade de expressão, não discurso de ódio. As pessoas parecem querer proteger a liberdade de expressão apenas quando isso convém à sua agenda”.

A humorista Wanda Sykes foi mais direta em um vídeo no Instagram: “Vejamos, ele [Trump] não acabou com a Guerra da Ucrânia nem resolveu a questão de Gaza na primeira semana. Mas ele acabou com a liberdade de expressão no primeiro ano”. John Legend compartilhou uma fala do comentarista David Frum que questionava: “como vocês ousam nos chamar de fascistas, só porque nossos indicados ameaçam retaliar as redes de transmissão do governo se seus comediantes não disserem o que queremos que eles digam”.

Outras personalidades como Mike Birbiglia, Sophia Bush e Kathy Griffin também se manifestaram contra a suspensão, alertando para o que consideram um perigoso precedente de censura patrocinada pelo governo.

Posicionamento Político

A polêmica transcendeu o mundo do entretenimento e alcançou a esfera política. Gavin Newsom, governador da Califórnia, acusou: “Comprar e controlar plataformas de mídia. Demitir comentaristas. Cancelar programas. Não são coincidências. É coordenado. E é perigoso”. O senador democrata Chuck Schumer defendeu que “todos em todo o espectro político deveriam se manifestar para impedir o que está acontecendo com Jimmy Kimmel”.

O caso ocorre em um contexto de crescente tensão entre a administração Trump e veículos de mídia críticos ao governo. Comentarista político Chris Hayes da NBC resumiu o sentimento de muitos jornalistas: “este é o ataque mais direto à liberdade de expressão por parte de agentes estatais que já vi na minha vida”.

A ABC não divulgou prazo para possível retorno do programa, deixando o futuro de uma das mais duradouras atrações da madrugada americana incerto.