A estratégia de defesa utilizada pelos advogados do general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, no julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), provocou forte reação entre aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. A tese central apresentada à Primeira Turma da corte é a de que o militar atuou para “demover Bolsonaro de qualquer medida de exceção” — colocando, pela primeira vez de forma tão explícita, o ex-presidente como o principal articulador da tentativa de golpe de Estado após a derrota eleitoral de 2022.
A contundência da defesa do general surpreendeu até os próprios ministros do STF. Em conversas com a imprensa, avaliaram que o discurso foi enfático em narrar os episódios envolvendo Paulo Sérgio, criando uma distinção clara entre as ações do militar e as intenções atribuídas a Bolsonaro. A intervenção da ministra Cármen Lúcia durante o julgamento destacou essa conexão, ao questionar o significado específico do termo “demover” em relação a medidas de exceção.
Revolta nos Bastidores e Críticas Abertas
A decisão da defesa de colocar o ex-presidente no epicentro da trama golpista escancarou a irritação em aliados de Bolsonaro e entre os advogados dos demais réus. O ex-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Fábio Wajngarten, manifestou sua indignação publicamente em um tweet, rebatendo a teoria da defesa. Ele acusou uma “turma que vivia no bate e assopra na orelha do presidente” de criar “teorias conspiratórias” para se salvarem, em uma clara referência ao general e sua estratégia.
Nos bastidores, a avaliação é de que Paulo Sérgio complicou significativamente a situação de Bolsonaro na reta final do julgamento ao adotar essa linha de defesa, que busca sua absolvição às custas de uma implicação mais direta do ex-presidente.
Divergências no Julgamento
A situação do general Paulo Sérgio e a do também réu Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), está sendo avaliada por alguns ministros de forma quase distinta dos demais casos. O entendimento preliminar é que existem menos fatos narrados que os envolvam diretamente na execução da trama.
Há relatos de que Heleno teria “desaparecido” dos acontecimentos após uma reunião na qual mencionou a expressão “virar a mesa”. Já sobre Paulo Sérgio, há informações de que os comandantes das Forças Armadas afirmam que ele teria se reunido com o objetivo de, na verdade, afastar a possibilidade de um golpe. Essas nuances podem gerar divergências entre os ministros na hora dos votos, indicando que o julgamento ainda está em aberto e pode reservar surpresas.
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