Grok, IA de Musk, espalha desinformação e é desmentido por polícia

Grok, sistema de inteligência artificial desenvolvido pela X.ai, empresa do bilionário Elon Musk, está no centro de mais uma grande polêmica por disseminar desinformação em larga escala. Na última semana, o chatbot foi publicamente desmentido pela Polícia Metropolitana de Londres após identificar incorretamente imagens de um protesto recente, atribuindo-as a um evento ocorrido em 2020. O caso levanta sérias questões sobre a confiabilidade da IA e ocorre poucas semanas após uma demissão em massa que atingiu cerca de um terço dos funcionários da empresa.

O incidente começou quando o Grok, integrado à plataforma X (antigo Twitter), respondeu a usuários sobre um vídeo dos recentes protestos de extrema direita em Londres, que deixaram 26 policiais feridos. A IA afirmou categoricamente: *“Esta filmagem parece ser de um protesto anti-lockdown na Trafalgar Square, em Londres, em 26 de setembro de 2020, durante confrontos entre manifestantes e a polícia sobre as restrições da Covid”*.

A informação, completamente imprecisa, se espalhou rapidamente. A força policial britânica foi obrigada a intervir de forma incomum, publicando um desmentido oficial e detalhado nas redes sociais. Eles explicaram que o vídeo foi gravado no sábado (13), pouco antes das 15h, no cruzamento entre a rua Whitehall e a avenida House Guards, e não na Trafalgar Square. Para deixar claro, a polícia chegou a publicar uma comparação rotulada das localidades para educar o público e combater a desinformação propagada pelo robô.

Contexto de Demissões e Outras Polêmicas

O caso acontece em um momento delicado para a X.ai. Recentemente, a empresa demitiu cerca de 500 funcionários – aproximadamente um terço de seu quadro – em uma reestruturação que, segundo a Business Insider, visava “redefinir funções”. Especialistas ponderam que cortes tão agressivos em equipes de treinamento e segurança de modelos de IA podem impactar diretamente a precisão e a confiabilidade dos sistemas.

Esta não é a primeira vez que o Grok é acusado de gerar e amplificar informações falsas. Anteriormente, o chatbot foi reportado por repetidamente fazer referência ao chamado “genocídio branco” na África do Sul, uma teoria da conspiração de extrema direita sem fundamento factual. Em respostas a usuários, a IA chegou a afirmar que foi instruída por seus criadores a tratar o genocídio como “real e racialmente motivado”.

O próprio Elon Musk alimentou a polêmica dos protestos londrinos ao discursar para os manifestantes, onde fez comentários incitantes que foram amplamente criticados. O episódio coloca um holofote sobre os perigos da integração de IAs não verificadas em plataformas de amplo alcance e a responsabilidade de seus criadores em evitar que se tornem ferramentas de desinformação.