ADPF 442: Barroso vota pela descriminalização do aborto até 12 semanas

Em seu último dia como integrante do Supremo Tribunal Federal, o ministro Luís Roberto Barroso votou, na ADPF 442, pela descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação. No voto, ele reafirma que o tema deve ser tratado como questão de saúde pública, que a criminalização não reduz o número de abortos, que o ônus recai sobretudo sobre meninas e mulheres pobres e que a autonomia e a liberdade reprodutiva das mulheres são direitos fundamentais. Ele também observa que democracias consolidadas não punem penalmente a interrupção nas primeiras semanas.

O posicionamento de Barroso acompanha o voto proferido em 2023 pela então relatora, a ministra aposentada Rosa Weber. Com isso, o placar registrado publicamente está em 2 a 0 pela descriminalização.

Quanto ao estado do julgamento, a sessão extraordinária em plenário virtual foi interrompida após pedido de destaque do ministro Gilmar Mendes, o que suspendeu a análise. Em seguida, o atual relator, ministro Flávio Dino, indicou a retirada do caso da pauta. Assim, a ADPF aguarda nova inclusão para prosseguir — agora, em princípio, no plenário físico.

Enquanto não houver conclusão do julgamento, seguem valendo as regras hoje vigentes do Código Penal e da jurisprudência do STF: o aborto é permitido nos casos de estupro, risco à vida ou à saúde da gestante e anencefalia fetal.

Avatar photo
Advogada e mestre em Criminologia pela Universitat de Barcelona (Espanha), com destacada atuação nos Tribunais Superiores. Possui sólida experiência em causas penais, especialmente delitos de colarinho branco. Atualmente, aprofunda seus estudos no campo do Direito Digital com foco nas novas dinâmicas dos crimes praticados em ambientes virtuais. É autora de artigos publicados em livros e revistas jurídicas de relevância nacional e internacional, consolidando sua contribuição acadêmica e profissional no cenário jurídico contemporâneo.