Rússia, China e Coreia do Norte reforçam aliança militar

A China realiza nesta quarta-feira (3), em Pequim, um desfile militar grandioso para marcar os 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial após a rendição do Japão. O evento, que acontecerá na icônica Praça da Paz Celestial, terá duração de 70 minutos e contará com a presença de líderes de peso no cenário geopolítico mundial: Xi Jinping, Vladimir Putin e Kim Jong-un.

A demonstração militar reunirá mais de 10 mil soldados e cerca de 100 aeronaves, incluindo caças de última geração e drones avançados, reforçando a mensagem de poderio bélico chinês. Também serão exibidos tanques, mísseis e tecnologias terrestres de ponta. Embora 26 chefes de Estado tenham sido convidados, chama a atenção a ausência de representantes de potências ocidentais, em mais um reflexo da atual divisão política global.

Nova configuração geopolítica

O encontro tem um peso simbólico e estratégico. Após a invasão da Ucrânia em 2022, a China consolidou-se como a principal parceira econômica da Rússia, importando mais de US$ 130 bilhões em produtos russos no último ano — mais que o dobro do valor adquirido pela Índia, segunda colocada.

A presença de Kim Jong-un é outro ponto de destaque. Conhecido por evitar viagens internacionais, o líder norte-coreano retorna à China pela primeira vez desde 2019. Desde que assumiu o poder em 2011, esta será apenas sua décima viagem oficial ao exterior. Sua última visita havia ocorrido em 2023, quando se reuniu com Putin em um porto espacial no extremo leste da Rússia.

Símbolo de uma aliança estratégica

A participação conjunta de Xi, Putin e Kim no desfile militar representa mais do que uma celebração histórica: é um recado ao mundo de que existe uma cooperação crescente entre China, Rússia e Coreia do Norte. Embora ainda não se configure como uma aliança formal de defesa mútua, a aproximação sinaliza um bloco político e econômico com grande capacidade de influência sobre o chamado Sul Global.

Esse gesto de alinhamento marca uma nova etapa no equilíbrio internacional de forças, reforçando a percepção de que a guerra na Ucrânia acelerou uma reconfiguração geopolítica que já vinha se desenhando nos últimos anos.