O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convocou uma reunião virtual de cúpula do Brics para a próxima segunda-feira (8 de setembro). O encontro tem como pauta central a discussão de uma reforma estrutural da Organização Mundial do Comércio (OMC) e a resposta coletiva do bloco ao tarifaço anunciado pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump.
Participação dos líderes
A expectativa do governo brasileiro é reunir todos os principais líderes do Brics: Xi Jinping (China), Narendra Modi (Índia), Cyril Ramaphosa (África do Sul) e Vladimir Putin (Rússia). Também foram convidados os países que recentemente se integraram ao grupo — Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã — ampliando ainda mais o peso político e econômico do bloco.
De acordo com nota divulgada pelo Palácio do Planalto, o principal eixo da cúpula será a defesa do multilateralismo, bandeira recorrente nas articulações de Lula no cenário internacional. O encontro também servirá como preparação e coordenação entre os membros do Brics em direção à COP30, que será realizada no Brasil em 2025.
Contexto político e econômico
Nas últimas semanas, Lula intensificou contatos com outros chefes de Estado. Além de conversas com Xi Jinping, Narendra Modi e Vladimir Putin, o presidente brasileiro também dialogou com líderes fora do Brics, como o francês Emmanuel Macron e a mexicana Claudia Scheinbaum. As conversas giraram em torno da diversificação de mercados, da intensificação de parcerias comerciais e da preservação das regras multilaterais do comércio global.
Apesar de críticas às medidas unilaterais dos Estados Unidos, o Brics tem evitado discursos que possam soar como antiamericanismo direto. Na cúpula realizada no Rio de Janeiro em julho, os países condenaram medidas protecionistas, mas sem mencionar nominalmente Washington ou Trump.
Reforma da OMC
A discussão sobre a OMC vem ganhando força dentro do governo brasileiro. Em evento recente na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), o chanceler Mauro Vieira destacou a necessidade de uma “refundação” da instituição, baseada em regras mais modernas e flexíveis.
Segundo Vieira, cresce entre os países afetados pelas tarifas norte-americanas a preocupação com a deterioração do sistema multilateral e a vulnerabilidade de negociações bilaterais desiguais, nas quais países mais fortes impõem suas condições.
A questão se agrava pelo impasse em torno do órgão de solução de controvérsias da OMC, paralisado desde a primeira gestão Trump devido à recusa dos Estados Unidos em indicar novos membros para o tribunal de apelações. A crise atravessou todo o governo Joe Biden e permanece sem solução.
Agenda econômica paralela
Enquanto busca liderar a reforma da OMC, o governo Lula também tem acelerado negociações bilaterais e regionais. Em agosto, foi anunciada a retomada das tratativas para um acordo de livre comércio entre Mercosul e Canadá. O vice-presidente Geraldo Alckmin esteve no México para aprofundar a parceria econômica já existente e deve viajar em breve à Índia com o mesmo objetivo.
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