Em uma reviravolta surpreendente nos bastidores do Congresso, a oposição conseguiu eleger o senador Carlos Viana (Podemos-MG) para presidir a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga desvios de até R$ 6,3 bilhões em aposentadorias no INSS. A votação, realizada nesta quarta-feira (20), terminou com 17 votos a favor de Viana e 14 para o candidato da base governista, senador Omar Aziz (MDB-AM).
A eleição pegou o governo de surpresa. Até o início da sessão, a vitória de Aziz – aliado do Planalto e indicado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) – era tida como certa. No entanto, a articulação da oposição, somada à ausência de deputados da base, garantiu a vitória de Viana.
Quem é o novo presidente da CPMI?
A escolha de Carlos Viana coloca no comando das investigações um parlamentar de 62 anos, crítico ferrenho do governo Lula e com uma trajetória política marcada por alinhamento ao bolsonarismo e trocas de partido.
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Formação e Início: Natural de Braúnas (MG), Viana é jornalista de formação, com especialização em marketing, e foi professor universitário.
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Entrada na Política: Eleito senador por Minas Gerais em 2018 no embalo da onda bolsonarista, recebeu 3,57 milhões de votos.
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Trajetória no Congresso: Teve pouco protagonismo, atuando principalmente como relator de nomeações. Manteve-se como voz alinhada ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
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Troca de Partidos: Sua trajetória é marcada por várias filiações. Eleito pelo PHS, migrou para PSD, depois MDB e PL, retornando ao Podemos (onde está hoje) após uma candidatura frustrada ao governo de MG em 2022 (7,2% dos votos) e à prefeitura de Belo Horizonte em 2024 (7º lugar).
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Posições Recentes: Ganhou notoriedade ao ser um defensor do governo de Israel, Benjamin Netanyahu, e criticar as posições de Lula sobre a guerra em Gaza.
O Erro de Articulação do Governo
Líderes da base aliada admitiram a falha na articulação. O líder do PT, senador Lindbergh Farias (RJ), afirmou que houve “subestimação da oposição” e um “erro” de cálculo. “Por ter maioria na comissão, o governo assumiu que comandaria o colegiado, mas diante da ausência de deputados da base, a oposição colocou suplentes oposicionistas para votar, o que garantiu sua vitória”, explicou.
Próximos Passos da CPMI do INSS
Instalada oficialmente nesta quarta-feira, a CPMI tem prazo de 180 dias (prorrogável) para apurar o esquema de desvios no INSS. A comissão será composta por 32 parlamentares titulares (16 deputados e 16 senadores), com as maiores bancadas sendo do PT e do PL, cada um com quatro integrantes.
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