A brasileira Marina Lacerda, hoje com 37 anos, tornou-se peça fundamental no caso judicial que levou à condenação do bilionário Jeffrey Epstein por tráfico sexual. Em entrevista à rede norte-americana ABC News, Marina revelou detalhes chocantes dos três anos em que foi vítima de abusos pelo empresário, começando quando tinha apenas 14 anos de idade.

“A casa dele era uma porta giratória de meninas. Toda hora entrava e saía alguém”, descreveu Marina, que detalhou como Epstein abusava de “até dez mulheres por dia”. Segundo seu relato, quando o bilionário estava em Nova York, “passava uma semana inteira com o máximo de garotas possível”, mantendo encontros com cinco a dez mulheres diariamente.

A brasileira conheceu Epstein em 2002, recém-chegada aos Estados Unidos com a mãe e a irmã. As três dividiam um quarto no Queens enquanto Marina trabalhava em três empregos para sustentar a família. Foi então que uma amiga lhe ofereceu o que parecia uma oportunidade de ouro: ganhar US$ 300 para fazer uma massagem em “um cara mais velho”. O que começou como um “emprego dos sonhos” rapidamente se transformou no “pior pesadelo” de sua vida.

“Com Jeffrey Epstein, tínhamos que fazer sexo, querendo ou não”, declarou Marina, explicando como foi aliciada para uma rede de meninas recrutadas em Nova York e forçadas a encontros sexuais com o bilionário. Ela chegou a acreditar que poderia receber uma proposta de emprego que mudaria sua vida e a de sua família: “Eu pensava que, se eu apenas jogasse o jogo, não seria mais só essa imigrante do Brasil”.

Seu depoimento forneceu aos promotores “evidências essenciais” que levaram à acusação e posterior condenação de Epstein em 2019. A brasileira participou recentemente de uma coletiva de imprensa em frente ao Congresso americano para pedir a aprovação de uma lei que obrigue a divulgação de todos os documentos da investigação. “Como imigrante do Brasil, eu me sinto fortalecida em saber que a garotinha que lutava para sobreviver aos 14 e 15 anos finalmente tem uma voz”, declarou.

O caso Epstein continua causando repercussão política, especialmente porque o ex-presidente Donald Trump aparece em registros de voos ligados ao bilionário. Apesar da promessa de campanha de divulgar uma lista com nomes de envolvidos, tal documento nunca foi oficialmente liberado, gerando teorias da conspiração e insatisfação entre apoiadores do republicano.